A Ucrânia fica na porção leste da Europa e faz fronteira com a Rússia. O país fez parte da União Soviética, mas tornou-se independente em 1991.
O presidente russo, Vladimir Putin, entende que, historicamente, a Ucrânia faz parte da Rússia.
A transformação e expansão da OTAN
A Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) surgiu em 1949, no contexto da Guerra Fria. A finalidade da aliança era lutar contra a expansão do comunismo e e retaliar qualquer ataque soviético contra seus países-membros. Eram eles: Bélgica, Canadá, Dinamarca, Estados Unidos, França, Islândia, Itália, Luxemburgo, Países Baixos, Noruega, Portugal, Reino Unido.
Com o fim da Guerra Fria, marcado pela Queda do Muro de Berlim (1989) e pela extinção da União Soviética (1991), a Otan perde o sentido de existir prévio, mas se reformula e permanece como instituição internacional – contrariando até mesmo algumas previsões teóricas, de acordo com Pedro Feliú Ribeiro, professor do Instituto de Relações Internacionais da Universidade de São Paulo (USP).
O professor explica que parte da reformulação da Otan envolvia sua expansão e uma nova atuação contra ameaças não estatais, como o tráfico humano, o tráfico de drogas, a pirataria, o controle migratório, questões do meio ambiente e também o controle do tráfico de armas em massa. Atualmente, a aliança defensiva, liderada pelos Estados Unidos, é composta por 30 países. “A Otan é criticada por não ter um propósito muito claro, mas ela usou o aumento do número de membros como a forma de justificar a sua existência e permanência”, analisa Ribeiro.
Nesse projeto de Países Bálticos como Lituânia e Estônia entraram para a Otan. Na Guerra Fria, essas nações faziam parte do Pacto de Varsóvia, que foi justamente uma resposta da URSS à Otan, em 1955. O Pacto era apoiado por países do bloco socialista e criado nos mesmos moldes da rival. “Esses países têm o que o próprio presidente da Rússia, Vladimir Putin, chama de “russofobia” (aversão contra a Rússia ou o povo russo). Assim, aderiram à aliança dos EUA como uma forma de se proteger da Rússia”, diz Ribeiro.
a Rússia sempre foi contra a adesão desses países à Otan, mas mantinha diálogo com os Estados Unidos e os países europeus. O país aderiu uma postura de contrariedade de contrariedade com a ascensão do nacionalismo russo, encarnado na figura do Putin.
Preocupações geopolíticas e econômicas da Rússia
Do lado russo, existem duas preocupações centrais que perduram desde a queda da União Soviética: uma é geopolítica e a outra é econômica.
Na parte geopolítica, historicamente, esses países que estão na fronteira da Rússia sempre serviram como uma contenção à invasão terrestre. A situação, é claro, mudou um pouco com a globalização e os novos adventos tecnológicos. “Hoje isso perde um pouco esse valor devido à tecnologia militar, que permite outras formas de ataques e até de invasão”, observa o professor. Ainda assim, a questão geopolítica ainda pesa para os russos.
Isso porque, em termos práticos, quando esses países aderem à Otan estão estabelecendo uma estreita cooperação militar com os EUA – o que, nas próprias narrativas de Putin, significa escolher o ocidente e não a Rússia.
Vale destacar ainda como as divisões demográficas da Ucrânia influenciam nas tensões com a Rússia. No oeste do país, a maioria da população tem ascendência ucraniana, fala ucraniano e apoia uma aproximação com a União Europeia. Já no leste, a maior parte dos habitantes é de origem russa, tem o idioma russo com primeira língua e defende a manutenção de laços com Moscou.
Do ponto de vista econômico, o interesse russo (e mundial) na região se dá principalmente pelo fato de o país, que é uma ex-república soviética, ser o local por onde passam gasodutos que levam o gás natural russo para a Europa.
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