domingo, 27 de março de 2022

GEOPOLÍTICA E A NOVA ORDEM MUNDIAL

 


A Nova Ordem Mundial – ou Nova Ordem Geopolítica Mundial – significa o plano geopolítico internacional das correlações de poder e força entre os Estados Nacionais após o final da Guerra Fria.

Com a queda do Muro de Berlim, em 1989, e o esfacelamento da União Soviética, em 1991, o mundo se viu diante de uma nova configuração política. A soberania dos Estados Unidos e do capitalismo se estendeu por praticamente todo o mundo e a OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte) se consolidou como o maior e mais poderoso tratado militar internacional. O planeta, que antes se encontrava na denominada “Ordem Bipolar” da Guerra Fria, passou a buscar um novo termo para designar o novo plano político.

A primeira expressão que pode ser designada para definir a Nova Ordem Mundial é a unipolaridade, uma vez que, sob o ponto de vista militar, os EUA se tornaram soberanos diante da impossibilidade de qualquer outro país rivalizar com os norte-americanos nesse quesito.

A segunda expressão utilizada é a multipolaridade, pois, após o término da Guerra Fria, o poderio militar não era mais o critério principal a ser estabelecido para determinar a potencialidade global de um Estado Nacional, mas sim o poderio econômico. Nesse plano, novas frentes emergiram para rivalizar com os EUA, a saber: o Japão e a União Europeia, em um primeiro momento, e a China em um segundo momento, sobretudo a partir do final da década de 2000.

Por fim, temos uma terceira proposta, mais consensual: a unimultipolaridade. Tal expressão é utilizada para designar o duplo caráter da ordem de poder global: “uni” para designar a supremacia militar e política dos EUA e “multi” para designar os múltiplos centros de poder econômico.

Mudanças na hierarquia internacional

Outra mudança acarretada pela emergência da Nova Ordem Mundial foi a necessidade da reclassificação da hierarquia entre os Estados nacionais. Antigamente, costumava-se classificar os países em 1º mundo (países capitalistas desenvolvidos), 2º mundo (países socialistas desenvolvidos) e 3º mundo (países subdesenvolvidos e emergentes). Com o fim do segundo mundo, uma nova divisão foi elaborada.

A partir de então, divide-se o mundo em países do Norte (desenvolvidos) e países do Sul (subdesenvolvidos), estabelecendo uma linha imaginária que não obedece inteiramente à divisão norte-sul cartográfica, conforme podemos observar na figura abaixo.

Mapa com a divisão norte-sul e a área de influência dos principais centros de poder
Mapa com a divisão norte-sul e a área de influência dos principais centros de poder

É possível perceber, no mapa acima, que a divisão entre norte e sul não corresponde à divisão estabelecida usualmente pela Linha do Equador, uma vez que os critérios utilizados para essa divisão são econômicos, e não cartográficos. Percebe-se que alguns países do hemisfério norte (como os Estados do Oriente Médio, a Índia, o México e a China) encontram-se nos países do Sul, enquanto os países do hemisfério sul (como Austrália e Nova Zelândia), por se tratarem de economias mais desenvolvidas, encontram-se nos países do Norte.

No mapa acima também podemos visualizar as áreas de influência política dos principais atores econômicos mundiais. Vale lembrar, porém, que a área de influência dos EUA pode se estender para além da divisão estabelecida, uma vez que sua política externa, muitas vezes, atua nas mais diversas áreas do mundo, com destaque para algumas regiões do Oriente Médio.

A “Guerra ao terror”

Como vimos, após o final da Guerra Fria, os Estados Unidos se viram isolados na supremacia bélica do mundo. Apesar de a Rússia ter herdado a maior parte do arsenal nuclear da União Soviética, o país mergulhou em uma profunda crise ao longo dos anos 1990 e início dos anos 2000, o que não permitiu que o país mantivesse a conservação de seu arsenal, pois isso custa muito dinheiro.

Em face disso, os Estados Unidos precisavam de um novo inimigo para justificar os seus estrondosos investimentos em armamentos e tecnologia bélica. Em 2001, entretanto, um novo inimigo surgiu com os atentados de 11 de Setembro, atribuídos à organização terrorista Al-Qaeda.

A tragédia de 11 de Setembro vitimou centenas de pessoas, mas motivou os EUA a gastarem ainda mais com armas. ¹
A tragédia de 11 de Setembro vitimou centenas de pessoas, mas motivou os EUA a gastarem ainda mais com armas. ¹

Com isso, sob o comando do então presidente George W. Bush, os Estados Unidos iniciaram uma frenética Guerra ao Terror, em que foram gastos centenas de bilhões de dólares. Primeiramente os gastos se direcionaram à invasão do Afeganistão, em 2001, sob a alegação de que o regime Talibã que governava o país daria suporte para a Al-Qaeda. Em segundo, com a perseguição dos líderes dessa organização terrorista, com destaque para Osama Bin Laden, que foi encontrado e morto em maio de 2011, no Paquistão.

O que se pode observar é que não existe, ao menos por enquanto, nenhuma nação que se atreva a estabelecer uma guerra contra o poderio norte-americano. O “inimigo” agora é muito mais difícil de combater, uma vez que armas de destruição em massa não podem ser utilizadas, pois são grupos que atacam e se escondem em meio à população civil de inúmeros países.

domingo, 20 de março de 2022

GUERRA NA UCRÂNIA_SLIDES

 














ONDE FICA A UCRÂNIA?

 


A Ucrânia fica na porção leste da Europa e faz fronteira com a Rússia. O país fez parte da União Soviética, mas tornou-se independente em 1991.


 
            O presidente russo, Vladimir Putin, entende que, historicamente, a Ucrânia faz parte da Rússia.

A transformação e expansão da OTAN

A Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) surgiu em 1949, no contexto da Guerra Fria. A finalidade da aliança era lutar contra a expansão do comunismo e e retaliar qualquer ataque soviético contra seus países-membros. Eram eles: Bélgica, Canadá, Dinamarca, Estados Unidos, França, Islândia, Itália, Luxemburgo, Países Baixos, Noruega, Portugal, Reino Unido.

Com o fim da Guerra Fria, marcado pela Queda do Muro de Berlim (1989) e pela extinção da União Soviética (1991), a Otan perde o sentido de existir prévio, mas se reformula e permanece como instituição internacional – contrariando até mesmo algumas previsões teóricas, de acordo com Pedro Feliú Ribeiro, professor do Instituto de Relações Internacionais da Universidade de São Paulo (USP).

O professor explica que parte da reformulação da Otan envolvia sua expansão e uma nova atuação contra ameaças não estatais, como o tráfico humano, o tráfico de drogas, a pirataria, o controle migratório, questões do meio ambiente e também o controle do tráfico de armas em massa. Atualmente, a aliança defensiva, liderada pelos Estados Unidos, é composta por 30 países. “A Otan é criticada por não ter um propósito muito claro, mas ela usou o aumento do número de membros como a forma de justificar a sua existência e permanência”, analisa Ribeiro.

Nesse projeto de Países Bálticos como Lituânia e Estônia entraram para a Otan. Na Guerra Fria, essas nações faziam parte do Pacto de Varsóvia, que foi justamente uma resposta da URSS à Otan, em 1955. O Pacto era apoiado por países do bloco socialista e criado nos mesmos moldes da rival. “Esses países têm o que o próprio presidente da Rússia, Vladimir Putin, chama de “russofobia” (aversão  contra a Rússia ou o povo russo). Assim, aderiram à aliança dos EUA como uma forma de se proteger da Rússia”, diz Ribeiro.

a Rússia sempre foi contra a adesão desses países à Otan, mas mantinha diálogo com os Estados Unidos e os países europeus. O país aderiu uma postura de contrariedade de contrariedade com a ascensão do nacionalismo russo, encarnado na figura do Putin.

Preocupações geopolíticas e econômicas da Rússia

Do lado russo, existem duas preocupações centrais que perduram desde a queda da União Soviética: uma é geopolítica e a outra é econômica.

Na parte geopolítica, historicamente, esses países que estão na fronteira da Rússia sempre serviram como uma contenção à invasão terrestre. A situação, é claro, mudou um pouco com a globalização  e os novos adventos tecnológicos. “Hoje isso perde um pouco esse valor devido à tecnologia militar, que permite outras formas de ataques e até de invasão”, observa o professor. Ainda assim, a questão geopolítica ainda pesa para os russos.

Isso porque, em termos práticos, quando esses países aderem à Otan estão estabelecendo uma estreita cooperação militar com os EUA –  o que, nas próprias narrativas de Putin, significa escolher o ocidente e não a Rússia.

Vale destacar ainda como as divisões demográficas da Ucrânia influenciam nas tensões com a Rússia. No oeste do país, a maioria da população tem ascendência ucraniana, fala ucraniano e apoia uma aproximação com a União Europeia. Já no leste, a maior parte dos habitantes é de origem russa, tem o idioma russo com primeira língua e defende a manutenção de laços com Moscou.

Do ponto de vista econômico, o interesse russo (e mundial) na região se dá principalmente pelo fato de o país, que é uma ex-república soviética, ser o local por onde passam gasodutos que levam o gás natural russo para a Europa.

SLIDES_O QUE É SOCIALISMO?